segunda-feira, 23 de abril de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 06

       Como somos humanos carregamos todo o belo e as falhas desta realidade. Há dias de luz e dias menos iluminados, momentos que estamos fortes e outros em que sentimos as forças passando. Algumas vezes precisamos parar para reavaliar, sair do campo de batalha para contar novamente o que sobrou e reorganizar. Não é vergonha sentir-se sem forças, vergonha seria nunca ter tentado. Temos, como humanos, direito de acertar, errar e também de nos esgotarmos. Não podemos esquecer que sem forças não podemos ajudar ninguém. É fundamental parar, alimentar-se, especialmente de vida, buscar uma nova motivação e continuar a jornada. Não tenhamos medo dos nossos limites, tenhamos medo da prepotência e do pecado de querermos ser um deus. Cair é humano, refazer as forças é sabedoria. Que Deus nos restaure sempre, Ele é a energia principal, depois d'Ele, tudo o que para você for mais importante e que esteja dentro do respeito do outro.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

sábado, 14 de abril de 2012

SÓ SE CONSEGUE O QUE SE QUER VERDADEIRAMENTE


Somos cristãos, religiosos ou, pelo menos, acreditamos em Deus. O mundo é mais crente do que descrente, independente do credo ou da maneira que cada um busque o Criador. A pergunta que ainda faço é por que ainda estamos tão longe da paz que pensamos construir, ou sonho que um dia alimentou nossas famílias e comunidades. Muitas respostas e muitos motivos surgem em minhas buscas intelectuais. No fim chego a uma só realidade; só podemos ter o que queremos verdadeiramente. Algumas coisas, é evidente, estão na espera do “não podemos ter”, outras estão à disposição de nossa própria construção. Quando vejo o que já construímos fico a imaginar e perguntar-me o que falta. Por que construímos tanto e não conseguimos o que nossos corações gritam e desejam?
          Talvez seja difícil admitirmos, mas nosso egoísmo, relativismo e as acomodações atuais nos atrapalham. Isto é uma verdade que não queremos ouvir. Nos acostumamos às acomodações, privilégios, facilidades e ajudas que o mundo atual nos dá. Tudo proporciona o crescimento de uma certa preguiça, em alguns níveis e para algumas dimensões das nossas vidas, é claro! O assistencialismo nos deixa parados, ficamos esperando que muito caia do céu e perdemos, aos poucos, a garra que nossos pais tiveram para chegar onde hoje estamos. Não estou dizendo que somos fracos, muito menos que não temos capacidade. Mas quero dizer que estamos transferindo para outros o que nós temos que conseguir. Foi sábio quem já disse que o homem só dá valor àquilo que ele mesmo consegue com seu suor. E com tantas facilidades ficamos viciados a receber o peixe, pois nem queremos saber se há uma vara de pescar. Todos estamos um pouco sem entusiasmo e não me excluo da lista. Observo que estamos nesta crise, mas não fomos feitos para esta realidade, nossa essência é outra. Precisamos voltar às nossas origens e assumir, agarrar, construir. E isto nos coloca diante de passos que precisam ser assumidos e de uma caminhada a ser feita. Não é, porém, fácil sair do repouso para uma batalha. Precisamos da fé, de um objetivo.
          É justamente o que vejo faltar um pouco. Nossos objetivos estão muito na esfera do ter e não do ser. Fazemos planos porque precisamos de uma casa, de um veículo, de um diploma, de um empréstimo para pagarmos as contas e entre outros. Tudo isto é válido, não quero ser hipócrita e dizer que estas coisas não são importantes. A materialidade da vida é também obra de Deus e tudo pode ser belo. Porém, se não fortalecermos o nosso ser, a nossa verdade interior, nos perderemos em tudo e com tudo que conseguiremos. Não podemos transferir para os outros o que nós devemos fazer.
          Um dia destes estávamos conversando, um grupo de amigos, e várias perguntas surgem: por que estamos esgotados? Por que estamos com a sensação de que não estamos conseguindo? Por que todo o trabalho que realizamos na Igreja, na escola, na sociedade, parece não nos levar a mudanças e transformações? A resposta não é difícil, nós apenas a complicamos. O problema ou a solução está no querer verdadeiramente. O ser humano só luta com garra por aquilo que ele acredita ser fundamental para a sua vida. Quando uma realidade não faz parte de seus desejos mais profundos, pode até ser algo realmente necessário, mas não terá a mínima importância se não partir do seu querer. Percebemos isto na nossa caminhada de fé, quando atitudes, que deveriam ser prioritárias, são vistas como secundárias. O mesmo detectamos nas nossas famílias e grupos institucionais.
No tocante à Igreja, por exemplo, uma “das provas” que apresento é o trabalho catequético, a evangelização de nossas crianças. Para começar, quando fazemos uma reunião para os pais aparecem umas poucas mães. Parece que a fé, a evangelização da família e dos filhos é unicamente um cumprir a tabela da tradição religiosa do lugar,  ou da sociedade e não uma busca para um real relacionamento com o amor de Deus. A catequese deveria ser da responsabilidade da família em primeiro lugar. Se continuarmos a mandar as nossas crianças para que a Igreja as evangelize, ou para que a escola as eduque, e por aí vai, não conseguiremos bons frutos. Ninguém conseguirá, nem os melhores catequistas e educadores do mundo. Se a presença da fé, da evangelização ou educação, falta na base, que é a família, faltará também no final de todo um trabalho realizado. Estes dias um jovem mostrou-me sua angústia. Estava ele com um diploma em suas mãos, e depois de toda uma faculdade feita me dizia que não o queria, que não aprendeu muito e que seria um profissional frustrado. Perguntei por que tinha feito e respondeu-me que não sabia bem. É triste, mas é verdade! E no que concerne a evangelização, não podemos fazer a primeira eucaristia de crianças ausentes, sem a prática de fé que deveria ser prioridade na família.
 Algumas pessoas ainda dizem que nos falta pedagogias, maneiras de prender as crianças. Ora, é claro que devemos fazer festas, mas não deveríamos precisar nem da metodologia do medo e muito menos da metodologia do “vou lhe dar tudo”. Não concordo com a prática de comprar pessoas, crianças ou adultos com facilidades, chocolates ou promessas enganosas que tirem o direito do ser humano de descobrir, por ele mesmo, que deve buscar porque é bom, não porque é moda ou muito menos porque outros estão dizendo. Se não fizer parte da vida prática da base, os pais ou responsáveis, não fará parte do desejo dos que vierem depois. Há não ser que aconteça um milagre! A família é quem deve ser o incentivo, através do testemunho, para que as crianças desejem o Senhor e a fé. A fé deve ser priorizada. E isto serve para todas as dimensões da vida humana. Só se consegue o que se quer verdadeiramente. Que Deus nos conduza sempre.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

segunda-feira, 2 de abril de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 05

        Quando um coração sofre é porque ainda é humano. Não devemos ser cultuadores da dor, mas também não precisamos ter tanto medo dela. Com fé, e bebendo da grande cura que é o amor, podemos crescer, mesmo se estamos feridos. Força irmãos, em cada lágrima, plantemos no chão uma semente de esperança. Deus nos ama e se nos tornarmos alunos deste mistério chegaremos à plenitude. Dizer não ao amor é dizer não à própria vida.

Pe. Rômulo Azevedo da Silva

segunda-feira, 26 de março de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 04

Não perca a paz só porque você sofre, procure ter calma, rogue para que Deus o(a) alimente. Veja pelo lado bom, se você está sofrendo é porque ainda não se tornou uma pessoa sem sentimentos, logo ainda é humano(a). Quanto mais formos humanos mais estaremos perto daquele que nos quis como homens, jamais máquinas. A indiferença é uma desgraça, assim, o sofrer pode ser um sinal que ainda somos de carne e osso e temos um coração que está vivo.

Pe. Rômulo Azevedo da Silva

quinta-feira, 22 de março de 2012

POUCAS PALAVRAS E GRANDES ASSUNTOS - 03


Meu coração chora e rir em vários momentos da minha vida. Tenho falado de dor, não como algo destrutivo ou negativo, mas como a experiência de ser gente, de sentir em mim um corpo que é formado de muitos dos elementos que borbulham no universo inteiro. Acredito que tudo tem um Criador, e penso que a dor que sinto é saudade daquele que me criou e, ao mesmo tempo, vontade de tê-lo e de que ele me tenha totalmente. Por todos estes motivos e por alguns mais, por ser criatura, meu coração chora e rir. Contudo eu louvo, respiro fundo e busco continuar... Tenho amigos e pessoas perto de mim, no amor nos tornamos lugar de encontro. É nos meus amigos que eu consigo ver e abraçar o Belo que é Deus.

Pe. Rômulo Azevedo da Silva

segunda-feira, 12 de março de 2012

EIS O MELHOR CAMINHO


“O mundo não começou conosco”! Já ouvi muito isto. Não reconhecer que o mundo não começou e não vai terminar conosco é assinar um atestado de inocência, para não usar uma palavra mais bruta. Temos que honrar o que foi vivido no passado. Não podemos ignorar o que recebemos dos nossos antepassados só porque acreditamos ser melhores ou mais evoluídos. Se estamos aqui é porque eles colocaram nesta construção as primeiras pedras.
            Um dos erros graves da atualidade é fazer de conta que estas, as pedras, não foram colocadas. Isto de querermos sempre “tudo novo” é um perigo, até porque não há sociedade ou indivíduo que tenha condições de ser totalmente novo, sem nada do que já passou. A genética, a cultura, a religião, a história, a sociedade, aliás, tudo que temos e somos bebe do que os outros foram e fizeram. É evidente que somos muito de nossas próprias escolhas e produto do meio que hoje vivemos. É, porém, impossível ser sem que alguém tenha sido antes de você ou de mim. Alguém teve que fazer algo, doar-se para que eu pudesse aparecer no palco desta história. Assim, negar fundamentos do passado é comprometer toda a estrutura atual. O que podemos fazer é atualizarmos, crescermos. Jamais negarmos.
            Alguns sofrimentos que encontramos na alma do homem de hoje brotam deste não se ver como continuidade de uma história. Tentar viver sem influências do que já foi é inútil, reconhecê-las, avaliá-las e adaptá-las é sinal de verdadeira inteligência. Quando negamos verdades importantes, como família, moral, ética, comunidade, espiritualidade, entre outros, nos perdemos. Ficamos como uma criança dentro de uma grande loja de brinquedos e que, tendo perdido a criatividade, a capacidade de sonhar e de ver a fantasia, chora e sai correndo da loja, justamente porque não se reconhece naquele mundo, não sabe o que fazer. Muitos querem negar, não percebem que se negam juntamente. O homem não vive sem paradigmas, modelos, sem ter em que ou em quem justificar o seu caminhar. Alguns falam que família, moral, ética e outros, fazem parte do passado. Porém, vejo muitos homens carregando dores, mágoas e angústias por não ter o que desejaria: uma família, um grupo social ou simplesmente um lugar debaixo do sol onde se sinta pessoa, amado e capaz de amar. Quando negamos estes princípios fundantes do nosso ser perdemos a capacidade de viver bem, deixamos de ser humanos e passamos a vegetar e nos perdemos nas migalhas do nosso imaginário. Não estou impondo regras, muito menos dizendo que sua família deva ser desta ou daquela maneira, não quero impor religião , “morais” ou “éticas”. O que digo é que sem estes princípios e valores a vida não é vida, é uma existência desconectada do todo.
            É por jogar para fora de nossas casas estes valores que vivemos culturas que se voltam contra nós mesmos. Como, por exemplo, o que alguns chamam de “cultura de morte”. Como é fácil matar! Aliás isto não é novo. O quanto já nos matamos em nome de tudo, até de Deus. Acreditávamos que a modernidade, a tecnologia, os nossos sagrados avanços científicos (todos eles maravilhosos), como também o novo homem mais livre e mais solto, iria ter mais capacidade de acolhimento, de respeito e de benevolência. Só que o século passado nos coloca diante de grandes guerras e desastres humanos. Quantas vidas se perderam! Chegamos ao novo milênio e tudo nos acompanhou. O desejo de sangue e de poder se esconde e se mostra de várias novas maneiras. O outro é descartável, não vale nada se não é ou não pensa como eu, e por aí vamos nos destruindo, física e emocionalmente. Será que não percebemos isto?
            Na verdade não só notamos, também sentimos o vazio e a falta de sentido que provocam a falta dos valores essenciais à vida humana. Só nos falta um pouquinho de coragem para reconhecer. Outra realidade é a chamada “cultura do sexo livre”. A mídia faz uma propaganda grande pela liberação total do sexo e de mil maneiras coloca na cabeça da maioria que hoje tudo pode, que tudo é normal. Podemos dizer que alguns conceitos devem ser dialogados, que devemos amar o ser humano, mesmo limitado, que o sexo é algo belo e está dentro do projeto de Deus. É uma mentira, porém, que tudo é normal. É anormal que uns jovens entrem numa casa, roubem tudo, estuprem e depois matem com brutalidade as vítimas já dominadas. Isto não faz parte do que, no fundo queremos, pois ninguém quer ser a vítima! É corriqueiro no mundo de hoje, infelizmente, mas não é normal. Não somos contra o sexo, somos contra a maneira irresponsável como ele é praticado. Ninguém é bobo ou infantil ao ponto de dizer que ele não faz parte das dimensões humanas. O que precisamos dizer é que esta cultura e propaganda que aí vemos, desrespeita a dignidade do outro, que muitas vezes é visto como um instrumento de prazer e não como uma pessoa a ser valorizada na sua integridade e valor real.
            Um dia destes alguém me disse: “mas o que é que tem se a maioria quer?” Aqui está a questão. É uma querela ética, moral, filosófica e teológica. Deixo só uma pergunta: então se a maioria de nós decidirmos matar todos os idosos que não produzem mais ou matar todas as crianças que nascerem com alguma paralisia, isto seria certo? Seria normal? Nem tudo que a maioria quer é o melhor, muito menos a verdade. O problema é que estamos vendo uns aos outros numa ótica de desvalorização tão grande que só percebemos quando a dor ou a pedra bate na nossa própria cabeça. É, o homem de hoje e a família precisam perceber e pensar sobre estas questões.
            Reclamamos de tantos problemas, como a violência, o erotismo exagerado e entre outros. Eles começam em casa quando os vícios e a falta de uma espiritualidade tomam o lugar do que é verdadeiro, fundamental, dos bons costumes e virtudes humanas e religiosas, no nosso caso, todo o nosso patrimônio cristão. O mundo nos enfeitiça e empurra para um sexo sem preparação, alimentado pela supervalorização do “quero ser feliz a qualquer custo”, do “eu quero e pronto” e do individualismo. Quando não temos os nossos desejos egoístas satisfeitos nos preenchemos de pequenas ou grandes violências. Está tudo interligado. A mídia corrompida (é bom frisas que há mídia boa e séria) e demais propagandas nos dizem como devemos ser, o que precisamos vestir ou beber, etc. Só não nos dizem o que fazer com os cacos de gente quando vêm as quedas. Vejamos uma questão. Vemos uma propaganda imensa para a liberação de algumas drogas, depois a mesma mídia nos pergunta o que fazer com uma “Menina das Trevas”, recém nascidos jogados no lixo. Por que nos assustamos? Não somos nós que estamos escolhendo isto?
A produção de um ser humano sem valor, descartável está mais do que avançado. Amanhã seremos nós ou alguém de nossa família que será jogado fora. Meus pêsames antecipadamente! Aí dizem que a Igreja é deslocada e hipócrita por avisar, anunciar e denunciar. A Igreja é tola mesmo! Ela está fazendo o que toda família deveria e não faz. É ultrapassada mesmo, deveria não se preocupar, apenas enterrar nossos filhos e jovens que morrem e são eliminados por este mundo sem vida. Pra que avisar que estamos sofrendo, acabando a família, nos matando e destruindo a terra? Nós sabemos de tudo mesmo, não é? Realmente não precisamos da Igreja! Sabemos o que queremos da vida. Como não adianta só denunciar, eu vos anuncio pistas de saída. Nós conhecemos, só não as queremos mais. As atitudes de Jesus. Ser como ele, assumir sua identidade. Uma espiritualidade familiar, fazer de sua casa um santuário que se fale, pense, reflita, conheça, ame, acolha e se comprometa com o Reino. Eis o melhor caminho.


 Pe. Rômulo Azevedo da Silva

quarta-feira, 7 de março de 2012

POUCAS PALAVRAS, GRANDES ASSUNTOS - 02

          


          Imaginamos que Deus deseja muito de nós! É ilusão do nosso "poder". Pensamos que Deus precisa muito de nós! É armadilha de nossa soberba. Acreditamos que sabemos muito sobre Deus! É desgraça do nosso egoismo e prepotência. Certamente o mais importante é permanecermos na escola do AMOR. Ele, a bela pedagodia do coração do nosso Pai, nos fará experimentar bem os mistérios da vida.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva