segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

O SACRAMENTO DO MATRIMÔNIO E PASSOS PARA OS QUE O QUEREM DE VERDADE


As palavras testemunho, serviço e casais têm um forte sentido e um profundo histórico na nossa Igreja e, especialmente, em toda a caminhada cristã. Em um mundo onde muitas pessoas não acreditam mais no verdadeiro amor e em tudo que dele deve brotar, como afeto, fidelidade, união, nós, discípulos de Jesus de Nazaré, devemos estar prontos para carregar nossa bandeira de anúncio, levantar nossas vozes de quem acredita ainda em um sonho que começou há mais de 2000 anos quando os discípulos do Mestre de Nazaré deram continuidade à sua missão. Este sonho e esta caminhada chegou até nós e também nos chamou, nos encantou. A vida e a esperança que o Senhor suscitou em todos e continua suscitando hoje nós chamamos de Igreja, ainda mais, somos esta Igreja.
Para nós, Católicos, Apostólicos, Romanos, o sentido do Sacramento do Matrimônio é o amor ágape, a caridade, a doação. Se todos os Sacramentos são lugares de encontro com o Cristo Vivo, se são sinais sensíveis e eficazes que além de nos mostrar onde Jesus está, também nos alimentam dele, cada casal tem e é um tesouro que só com  a nossa capacidade intelectual jamais iremos entender por completo. Contudo este tesouro também se torna missão, pois ninguém que ama consegue não ter uma atitude de comunicador do amor que experimenta dentro de si.
O casamento mulher + homem é certamente amado por Deus, pois ele é amor e misericórdia. Porém, nós católicos comprometidos com o discipulado de Jesus Cristo, não só ficamos na esfera do ser amado por Deus, o que já é muito, mas nos entregamos a ser, pelo Sacramento do Matrimônio, amor de Deus, sinal de Deus, presença, lugar onde Ele é visto, é um passo a mais. A escolha humana, o olhar de interesse que lançaram um para o outro, os levou, com a promessa do altar, a um pacto, uma aliança com outra pessoa, a Pessoa de Cristo e tudo torna-se uma missão porque quem faz aliança com o amor logo se torna mais e mais parecido com ele, tudo que é dele e faz parte dele passa a ser nosso e fazer parte de nós. Não é este milagre que vivemos e recebemos na Eucaristia? Alimentados de Cristo voltamos para casa com a graça de ser mais parecidos com ele, que se tornou, pelo Sacramento Eucarístico, parte de nós.
É tudo isto que recebemos e muito mais, tudo começou quando Deus nos deu o dom da vida e quando levou tudo a um grau mais elevado quando faz o segundo e profundo chamado de nossas histórias, o chamado a vivermos esta vida como cristãos. É o Batismo a sala de entrada para todo este mistério que podemos chamar de Céu, Deus conosco. Tudo o que recebemos no Batismo, se for colocado em prática durante cada ano de nossas vidas nos leva, sem dúvida, a uma vida doada, missionária. Como já dissemos, o amor tende a espalhar-se, nunca se fecha em si mesmo mas explode em uma eterna doação. O testemunho passa a fazer parte de nossas vidas quando acreditamos nisso tudo, e quando buscamos viver, os nossos corações explodem em serviço e testemunho como o do Pai explodiu neste espetáculo de luz e de cores que chamamos de Criação. O Espírito Santo, que é o amor em nós nos dá a graça da fé para nossa salvação.
E o que é salvação? Entre outras coisas, salvação é voltarmos a viver segundo a verdade mais profunda de nós mesmos, que somos imagem e semelhança  do Pai que nos criou por amor, no amor e para o amor. Uma vez que nos afastamos por algum motivo desta verdade nos sujamos e deixamos ficar sem brilho a parcela do Belo que está em nós e que somos nós. O homem não é ruim, ele é bom, lemos isto em Gêneses (Gn 1,26-31). O que acontece é que às vezes nos perdemos do caminho, só que uma vez sujos precisamos de conversão. É minha tomada de consciência de que preciso retomar algumas coisas para me identificar com Cristo, só ele pode fazer com que eu volte a ter o que perdi: a intimidade total com o amor. Todos os Sacramentos querem modelar Cristo em nós e nos modelar no Cristo. Preciso me preencher das atitudes do Cristo, ser como ele, como diz nosso querido Pe. Zezinho, “amar como ele amou, sonhar como ele sonhou, sentir o que ele sentiu”... e assim por diante, fazer o que ele fez: dar-se para ser testemunho do amor que é o Pai. Dar testemunho é uma questão de amor, de amar ou não amar. Se amo darei testemunho. Se não me encontrei com o amor vou dizer o quê? Já podemos ir percebendo a beleza do Matrimônio e de toda a vida de nossa Igreja.
 O Evangelista João nos trás o mais profundo de Deus: “Amados, amemo-nos uns aos outros, pois a amor vem de Deus. E todo aquele que ama, nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Nisto se tornou visível o amor de Deus entre nós: Deus enviou o seu Filho único a este mundo, para dar-nos a vida por meio dele. E o amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Amados, se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1 Jo 4,7-11).
O amor deve ser a centralidade da vida do cristão. Estamos aqui pra quê? Certamente para encontrarmos e nos aperfeiçoarmos no amor. A Igreja não é uma associação de bairro, um sindicato, um grupo de amigos somente – por mais que isto seja belo e necessário – com regras, estatutos e leis egoístas, é uma família que toma consciência, a cada passo, que deve crescer no amor, só n’Ele está a santidade que aspiramos; tenho insistido nisto neste texto mas é necessário.
O que será espiritualidade? Onde queremos chegar? O casal deve viver uma vida no Espírito, serem dois “buscadores” de Deus. O amor não é um sentimento, ele passa e dá sentido aos nossos sentimentos. Mas o amor em si é uma vida, um compromisso, uma jornada, uma Pessoa concreta com quem queremos caminhar e de quem devemos dar testemunho. O casal cristão deve saber claramente desta realidade, principalmente o casal que se torna Sacramento do Matrimônio. Há uma diferença entre receber um sacramento um dia na vida e em tornar-se este Sacramento em cada dia da vida, viver para ser neste Sacramento uma eterna celebração do que ele representa e do que ele é.
Testemunhar é tornar claro o que os outros não conseguem ver sozinhos. O que será que mais nos encanta e chama a nossa atenção nas pessoas que chamamos de santas? Certamente não é, ou não deve ser, dotes especiais, mas a capacidade que elas têm de refletir e transmitir, tornar clara, uma realidade que não vemos com muita facilidade. Quem de nós não se sentia alimentado de esperança e força ao olhar para João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Durce e tantos outros? Testemunhar é transparecer o que se acredita, quando se busca viver de verdade a escolha feita. Se nossas escolhas não são vividas não nos levarão a nada; a estrada não nos levará se não nos colocarmos a caminho. Se tentamos com sinceridade viver tudo isso, ou seja, a graça e o milagre que é nosso batismo, passamos logo a querer que outros vivam também. O amor é essencialmente missionário. O testemunho brota do amor bem experimentado, não o aprenderemos em uma faculdade, se vivemos o amor ele brotará, é conseqüência.
Depois de todo este itinerário não precisamos mais falar muito sobre a necessidade do serviço e que serviço devemos prestar na Igreja e no mundo. Ele está na mesma linha do testemunho, se amo eu me coloco a serviço. Por isso Maria é nossa mãe e o modelo mais forte do cristianismo católico, ela foi toda testemunho e serviço. Que ela nos ajude a sermos imagem de seu Filho. Amém!



Pe. Rômulo Azevedo da Silva

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