quinta-feira, 7 de junho de 2012

“CORPUS CHRISTI” Mais do que uma festa, um chamado!


               Nós, cristãos católicos, celebraremos a Solenidade do Corpo e Sangue do Senhor. Todos os anos a Igreja nos coloca diante de um dos maiores mistérios de nossa fé, como também diante de dezenas de partilhas e textos que nos ajudam a viver bem este dom. Com tantas propostas boas e ricas interpretações, decidimos partilhar não a história, nem o que significa, mas o efeito que esta festa deve produzir em nós.
          Não podemos nos esquecer que todas as festas e solenidades querem, pelo conhecimento, encontro e experiência, nos levar a sermos a continuidade, testemunho vivo do que estamos celebrando. Todos os momentos da vida de Cristo são presentes e chamados amorosos do Pai para que o imitemos profundamente. “Corpus Christi” não é para ver, mas para ser. Podemos nos lembrar de várias partes do nosso patrimônio de fé ao falarmos do Corpo e Sangue do Senhor. Mas e depois?
          Após a Santa Missa vamos sair pelas ruas de nossas cidades com o Santíssimos Sacramento, Jesus vivo no Sacramento da Eucaristia. Como sairemos? Para que sairemos com Jesus pelas ruas? São questões que gostaria que fossem assumidas.
          Toda a liturgia nos faz ver que se Jesus Cristo, o verdadeiro e eterno sacerdote entrou definitivamente no santuário para nos livrar da antiga condenação, nós, redimidos pelo seu Sangue, devemos viver uma vida nova (Hb 9, 11-15). Em toda a Sagrada Escritura, especialmente pelo ministério de seu Filho, podemos encontrar as maravilhas que o Senhor fez e faz a nosso favor. Tudo para que vivamos uma vida plena, repleta de verdade e amor. Cristo nos remiu, nos libertou para que pudéssemos tomar posse da verdadeira felicidade. Tudo o que Ele fez foi para que tivéssemos condições de ter a vida que o Pai pensou para nós no ato da Criação. A liberdade que Jesus nos deu de presente, especialmente por sua Paixão, Morte e Ressurreição, é um dom gratuito inesgotável. Quando lemos que Ele nos deu seu Corpo e Sangue devemos agradecer, mas também não esquecermos que se Ele se deu por inteiro, não poupando sequer seu próprio Corpo e Sangue, assim, devemos valorizar este amor que nem merecíamos. Como? Realizando o trabalho que Ele realmente deseja de nós: que sejamos felizes, que cresçamos, que amemos... Deus não precisa de nada, não quer nos tomar nada, pelo contrário, quer nos dar tudo, o tudo que Ele é. Por isto se deu e continua se dando em sua Palavra, em seu Corpo e Sangue, para que neste diálogo de amor com Ele nos tornemos parte de seu coração santo, de sua santidade.
          Jesus, quando nos alimenta, quer que sejamos plenos como Ele, pois só assim o homem terá o que deseja. Devemos comer o Corpo e o Sangue de Cristo para, alimentados, nos tornarmos como ele. “De fato, se o sangue de bodes e touros e a cinza de novilhas espalhada sobre os seres impuros os santificam, realizando a pureza ritual dos corpos, quanto mais o sangue de Cristo purificará a nossa consciência das obras mortas, para servirmos ao Deus vivo!” (Hb 9, 13s).
          A Igreja é também o Corpo Místico de Cristo. Se como Igreja saímos pelas ruas de nossas cidades dizendo que acreditamos neste alimento, mais ainda devemos dizer, com atitudes e ações, que estamos realmente nos alimentando de tudo que este Corpo é. É uma aberração comer do Corpo e Sangue de Jesus e não querer ser santo n’Ele, amar como Ele nos amou e entregar-se como Ele entregou-se. Os nossos irmãos do Antigo Testamento viviam purificações rituais, nós vivemos o próprio Senhor. Nenhum de nós pode reclamar que não recebeu o que era necessário para viver bem, nenhum de nós pode dizer que não tem o que comer ou beber para que a própria existência se mantenha forte e inabalável. Não podemos continuar nos aproximando deste alimento eterno se não temos o desejo de receber os frutos que d’Ele brotam, isto é, uma consciência nova, atitudes renovadas, desejo de renunciar aos estados de morte que nos afastam do Deus vivo. Pois não é Deus que se afasta de nós, mas nós que perdemos a oportunidade de aproveitar tudo que Ele quer ser para nós e em nós quando nos deixamos levar por propostas, atitudes e pensamentos que não condizem com o que Deus é.
          Ressoará em nossos ouvidos, como ressoa em cada Santa Missa, o convite e a auto-doação de Cristo: “Jesus tomou um pão e pronunciou a bênção. Depois, partiu o pão e deu-lhes, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo” (Mc 14,22). Caberá a cada um de nós decidir como comeremos este alimento. O Corpo e Sangue de Cristo e para nós uma proposta de vida ou o vemos como um amuleto sagrado, ritual mágico para nos proteger ou emocionar? O Corpo e Sangue de Cristo é toda a sua história, toda a sua vida, palavras, ações, tudo o que Ele fez para a nossa Salvação. Quando o recebemos estamos, também, disponibilizando tudo que somos para a edificação de todo o Corpo que a Igreja, estamos nos doando, a partir de uma mudança de vida, ao mundo ou pensamos que estamos usurpando o poder de Deus? Que a Misericórdia de Deus nos ajude a encontrá-lo sem reservas. Amém!


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

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