O tempo passa.
E o que realmente temos?
O que verdadeiramente é nosso?
A própria vida é um pouco de tempo que nos é emprestado.
Sim...
Viveríamos melhor sem tanto ódio.
Por que perder tempo com fagulhas que logo passam.
Pois tudo passa e só teremos o que realmente é nosso.
Mas o que é nosso?
Olho para pessoas queridas que perderam ou perdem a memória e sinto-me questionado.
Sim, ainda louvo pelo dom da vida deles, pois toda vida vale a pena em si mesma.
E a minha, o que é?
O tempo passa e vejo-me em um corredor.
Um corredor que não quer levar-me senão a mim mesmo.
Certamente para um momento comigo mesmo, onde eu possa respirar fundo e reconhecer a mim mesmo.
Eu, com minhas luzes e trevas.
O mais importante não é reconhecer o tempo que passa, mas olhar para os passos dados e ainda saber quem eu sou.
O tempo passa!
Só não pode passar a minha capacidade de ver e sentir a minha própria vida sendo construida.
O tempo passa...
Já eu preciso, sempre, mesmo na dor, reconhecer-me em uma jornada concreta.
O tempo passa, mas não pode levar-me para lugar nenhum.
Mas sim, o tempo passa.
Pe. Rômulo Azevedo