domingo, 18 de dezembro de 2011

Perder e Ganhar a Vida em Jesus

Quando falamos de Jesus de Nazaré muitas coisas vem às nossas cabeças. Dizem que milhares de livros são editados todos os meses sobre ele. Contudo, nós cristãos, católicos, temos que olhar tudo que pensamos e tudo que é produzido com um olhar crítico, com muito cuidado. Não podemos acolher e beber toda água que nos dão sem sabermos se ela vai fazer bem ao nosso organismo.

          Vivemos hoje uma proliferação de “igrejas” e expressões religiosas, e para agradar, percebemos que em cada uma delas nos é apresentado um Deus e um Jesus com características próprias, ao gosto do consumidor. O homem tornou-se um consumidor egoísta de Deus, até as nossas liturgias estão se tornando uma busca de prazer,  de sentimentalismos, de satisfação pessoal, algo em meu único favor e não para a única glória de Deus e em favor da salvação de tudo e de todos. Em se falando de liturgia católica, a Missa é um ato de louvor ao Senhor da vida, onde eu sou chamado a me doar para, por Jesus, na força do Espírito Santo, tornar-me uma oblação agradável ao Pai para a salvação do mundo, nela eu me alimento do Corpo de Cristo para voltar para casa mais parecido com ele, assumir a sua missão no mundo e não me beneficiar sozinho e egoisticamente dela. É fundamental pensarmos: para que Jesus veio?

Jesus veio para ser presença no nosso meio. Deus nos ama e veio para nos renovar neste amor. Jamais pensou em criar um exército de satisfeitos e beneficiados individuais e individualistas, mas para criar uma nova consciência comprometida com a causa do Reino para todos.

          Será que não estamos certos quando dizemos que tudo que hoje nos faz sofrer é justamente falta de Deus? Onde Ele não habita também não há lugar para colegialidade, fraternidade, paz, etc. É claro, a mensagem de Jesus incomodou e incomoda. A coisa não é mais só eu, só para mim, para meu grupo, é uma jornada de auto-transformação para a doação, para a partilha. Não para doarmos coisas – um quilo disso ou daquilo, essa ou aquela ajuda só – mas para nos doarmos. A nossa Igreja é uma escola de doação por excelência. Assim, se queremos ser cristãos verdadeiros, devemos nos fazer presentes e presença no mundo, na vida dos outros, tornar-me sal e luz ( Mt 5,13-16). O que precisamos no hoje de nossas vidas? O que o homem pós-moderno está precisando? Penso e acredito que o homem não precisa de esmolas, a esmola escraviza e cria dependentes, pessoas que se auto-fragelam porque se sentem ou se fazem coitadinhas. Não podemos, justamente na nossa vocação mais sublime, o nosso relacionamento com Deus, vivermos esta “euspiritualidade”, vivermos uma pedagogia de coitadinhos que querem tudo e que pouco estão disponíveis para doar, para se doar.  A doação dever ser total, doação de  nosso próprio ser e existir, exatamente como foi toda a vida do Senhor. Se não adentrarmos na pedagogia divina da caridade vamos continuar escravos de nossos interesses e pecados, seremos pessoas frágeis, medíocres mais do que no normal, infantis fisicamente, psicologicamente, emocionalmente e imaturos na fé.Não podemos assumir a característica dos ladrões que só querem para si, dos poderosos que só pensam em seus próprios lucros, com algumas exceções é claro.  Jesus veio mudar justamente este mundo de escravidões físicas, emocionais e psíquicas. Veio para nos ensinar o que é viver na plenitude e verdade da vida, para nos dar esta vida que só pode ser completa na intimidade com Deus ( Jo 10,10) .

          Se todos nós somos filhos do mesmo Pai que está nos Céus, se ele quer dar-se a todos, então não há mais grandes e pequenos, pelo menos para Deus, ele está com todos e todos devem viver plenamente. Eu, que tenho pessoas aos meus pés devo perdê-las  para que elas olhem para um amor que as preencha de coragem para lutarem e ressuscitarem suas vidas mortas de sentido e felicidade. Nem eu e nem os outros podem permanecer escravos de coisas e desejos que não condizem com a verdade mais profunda de nós mesmos. É evidente, a maior consciência que deve me fazer livre é saber que sou amado por Deus, que ele estará pronto para me ajudar na hora que eu precisar. Contudo o Senhor me ajudará com mais misericórdia se a minha vida for uma vida semelhante a vida de seu Filho Jesus, uma vida doada. Não faltará bênçãos, curas e milagres na vida de quem se faz presente para os outros.

          Em se falando em história estamos começando ainda as páginas cristãs. Graças a Deus os perigos que o demônio nos fez introduzir na Igreja de Cristo o Espírito Santo está arrancando como se arranca dente sem anestesia. Basta olharmos, poder, prestígio, glória, força política e econômica, número... nos séculos que passaram, as pessoas que foram obrigadas a se batizarem já estão deixando de ser católicas, aos poucos está ficando ou retornando quem está entendendo o escandaloso espetáculo do Crucificado que no silêncio da cruz nos diz: “Morro mas sustento o que disse, meu Pai me enviou para dizer-vos que Ele é Pai-Nosso e quem não quiser perder sua vida para construir o Reino não diga que é cristão” ( Jo 10,17-18; Mt 20,25-28). Que o Espírito Santo do Senhor nos ajude a entender  o mistério de perder e ganhar a vida, como nosso Senhor e Salvador Jesus de Nazaré.


Pe. Rômulo Azevedo da Silva

Um comentário:

  1. o amor que tenho no meu coração é dedicado ao
    Senhor Jesus. Amá-Lo ei com todo o meu coração com
    toda a minha alma com toda as minhas forças. Porque
    Dele é o Reino o poder e a Gloria para sempre
    Jesus Cristo é o Senhor para a Gloria de Deus Pai.
    Tu és Príncipe para sempre. Como orvalho, antes da
    aurora Eu Ti gerei...

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