Pregação de Pe. Rômulo na Festa de Sant’Ana – Caicó, 07/2013
A IGREJA É
CHAMADA A PARTICIPAR DA ETERNA JUVENTUDE DE CRISTO
Baseada no Documento 85 da CNBB
Sobre a Evangelização da Juventude
Antes de falarmos do jovem ou para o jovem temos que
entender um pouco mais sobre o seu coração, seus sonhos e desafios, seus medos
e, especialmente, como a cabeça do jovem funciona. Evidentemente não vamos
aprofundar psicologia numa pregação; também precisamos dizer que há linhas de
pensamentos diferentes. Mas, de um modo comum, o jovem está sempre condicionado
e pronto para agir, faz parte do seu ser ter pressa e garra. O jovem tem
inteligência, principalmente do mundo de hoje, está cheio de informação e
conteúdo. Mas falta a cola da sabedoria do tempo (a experiência de quem já
viveu) para unir tudo isto e fazer um todo. Eles entram em contato de uma forma
simples com a realidade, não ruminam muito porque desconfiam pouco. Há nos
jovens a malícia dos desejos, a malícia do erótico, mas não está formada ainda
a malícia do avaliar as dimensões do bem ou do mal (não como em nós adultos).
Os jovens estão abertos e se deixam levar pelo que o
impacto da propaganda diz. No que se refere à Igreja, por exemplo, se mostramos
uma Igreja como instituição, assim eles a verão. Eles acreditam na difamação
que, às vezes, são passadas nas universidades, muitas vezes manchadas por
criticadores e não críticos e bebem o que a mídia passa quando diz que a Igreja
é contra o progresso humano e da ciência. Eles acreditam, estão no meio do
caminho entre a candura da infância e os novos dons e “poderes” do adulto,
confusos eles seguem quem fala com mais convicção. E é assim com todo ser
humano em qualquer idade.
É preciso apresentar testemunhos para os jovens, os de
ontem e os de hoje, não discursos. Alguns deles acreditam que a Igreja é quadra,
que casamento não presta mais, que não devem ouvir os mais velhos ou que droga
e sexo é algo moderno e que precisa ser feito logo porque dizem isto a eles com
exemplos e uma bela propaganda. Um dia estava ouvindo uma palestra de um
professor de história e ele acabava com a Igreja, falava sobre a escravidão
imposta aos índios na colonização das Américas, como nosso Brasil por exemplo. Realmente
muita coisa errada foi feita. A questão é que devemos ensinar o povo a pensar,
não impor a nossa visão preconceituosa e ferida. É claro que precisamos mostrar
às pessoas e aos jovens o que foi feito de errado, mas tenhamos a coragem de
mostrar os dois lados. Outra coisa é saber diferenciar alguns membros da
família com o valor da família. Imaginem que você tem 12 irmão e que dois deles
roubam um banco, por eles é certo dizer que sua família não vale nada e que
seus pais são os piores pais do mundo porque criaram dois ladrões? Pois bem, o
professor criticador, e não crítico (que é diferente e positivo), falava dos
padres e religiosos que defendiam a
escravidão dos índios, mas não conhecia, por exemplo, Bartolomeu de Las
Casas qe também foi religioso e que defendia em tudo os negros e os índios. E já
encontrei alguns jovens que ficam com o primeiro frito! Entendem o que estou
querendo dizer? Temos que trabalhar fé e razão. É preciso um diálogo na
verdade. Mostrar aos jovens que a Igreja é santa, mas marcada por homens
pecadores. Há joio e trigo, como bem disse o Senhor, mas o importante é ter
consciência de qual lado da história queremos agir.
Vivemos na dinastia do tanto faz, do relativismo, do “o importante é eu ser feliz”. Isto está
dentro de todas as instituições e dentro da Igreja. Leigos, sacerdotes,
religiosas e seminaristas estão impregnados disto porque é o hoje de muitos
homens modernos. Quando falamos dos erros da Igreja, da política, da sociedade,
não devemos deixar de nos perguntar que são eles ou ela. Lembro de quando fazia
teatro a gente adorava colocar em toda dramatização aquela famosa afirmação: “esta sociedade corrupta”! Éramos jovens, não entendíamos bem que todo
homem e toda mulher pode tornar-se corrupto ou mal. Não estou dizendo que está
tudo uma desgraça, não digo que não temos realidades belas, aí está a JMJ para
nos dizer que há muito o que celebrar. O que digo é que estamos numa batalha
pau a pau e que, mais do que antes, é fundamental apresentar Cristo, o jovem
cheio de vida e força que, em tudo, serviu e não esquecer de dizer que isto não
é fácil. Olhemos, Ele foi até a cruz. Nestes dias de JMJ estamos cantando muito
com Pe. Zezinho: “no peito eu levo uma
cruz, no meu coração o que disse Jesus”.
O jovem não terá medo da cruz se for dito o que ele
conseguirá com ela. Ele se encantará quando tiver entendido, pois a essência e o desejo do jovem é
experimentar algo mais forte do que suas dúvidas e medos. Se apresentarmos
drogas, sexo sem responsabilidade, ou qualquer proposta de forma convincente,
ele ficará com isto. Se apresentarmos a arte, o esporte e a fé também
convincentemente será para ele uma verdade provada e confirmada pelo seu
próprio coração. O jovem ficará com aquilo que for mais forte do que suas
dúvidas e medos; repito. Se mostrarmos a eles, com prática, que, o que buscam é
o amor, eles ficarão com isto até o fim. Mas como convencer que o amor é o que
precisam se nós não o entendemos ainda e se o mundo só fala de lucro e
benefícios e não de vida plena? E como falar de amor se nossos relacionamentos
estão feridos pelo egoísmo e pela propaganda da satisfação do eu? Ser jovem é
ter esta força de Deus pulsando em nós, como pulsou em Jesus. Como diz João,
Deus é amor. Recuperar a dinastia do amor é o nosso caminho. Lembremos o que
diz Jesus em Mt 20, 25-28. “Os grandes
querem dominar, que entre vós não seja assim”. É preciso mostrar amor
servindo, mergulhado no amor; isto é o que precisam ver os jovens.
Nós que hoje ficamos na Igreja, ficamos porque
encontramos algo maior que nossas dúvidas e medos, o encontro com o Cristo na
vida do outro. Ninguém permaneceu na Igreja porque se encantou com a arrumação
da sacristia, nem com a redação dos documentos da secretaria paroquial. Ficamos
na Igreja porque nos encontramos com tantos testemunhos. Lembro-me muito de
minha do serviço de minha mãe, de pessoas como Mons. Ernesto, leigos e leigas
de Jardim, religiosas que fizeram e fazem parte de minha história. Como sou grato por tantos
testemunhos!
É importante falar e mostrar que a Igreja é lugar onde
o Espírito Santo de Deus transforma os que querem em novos Cristos. Ela
perpetua a força daquele que só era amor, respeito, carinho, resistência,
revolução, agitação, questionador, questionamento (no bom sentido), perdão,
paixão e mais. Estes são ou não os valores que marcam o temperamento de todo
jovem? É ou não o que eles procuram e o que nós procurávamos? Jovem, a força do
seu coração é Cristo, que você pronuncie ou não este nome. Dizer isto de forma
prática é evangelizar, é a nossa missão como foi a de Cristo. Depois disto, uma
vez evangelizados, nenhum jovem deixará o Senhor.
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